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Igreja de São João Evangelista

Claudir Carvalho • 22 de fevereiro de 2019

A capela de São João Evangelista dos homens pardos teve sua construção por volta 1760, sendo que as obras se delongaram até o século XIX. Na decoração do interior da igreja existem três altares com talha rococó. Nas paredes da capela-mor estão pinturas retratando cenas da vida de São João. No altar está sepultado o compositor sacro Manoel Dias de Oliveira.

Igreja São João Evangelista dos Homens Pardos de Tiradentes

Ela está entre as mais simples igrejas de Tiradentes e pode até passar despercebida aos olhos mais desatentos. Construída em meados do século XVIII, a Capela de São João Evangelista está localizada na tranquila Rua Padre Toledo e tem fachada sem torres, sendo o sino disposto em uma das janelas. O interior segue a simplicidade exterior, com altares em estilo Rococó.

A igreja se destaca por ser o local de sepultamento do compositor de músicas sacras do século XVIII Manoel Dias de Oliveira.

Pertencia à Irmandade dos Homens Pardos, A capela abriga as irmandades do santo padroeiro, de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora das Dores. No altar está a imagem de Santa Cecília, Padroeira dos músicos.

Conta a tradição que os inconfidentes se encontravam na Casa Paroquial (hoje Museu Casa Padre Toledo), ligada à Igreja por um túnel, de modo a evitar os Dragões (força militar portuguesa na colônia).

Interior Igreja São João Evangelista em Tiradentes - MG

Histórico

Face à inexistência de documentação, quase nada há sobre a construção da capela, sabendo-se apenas que a Irmandade de São João Evangelista dos Homens Pardos foi fundada por volta de 1740, na igreja matriz e funcionava no altar do Descendimento onde existe uma imagem de São João ao pé da cruz. Desta Irmandade, composta por mulatos e compositores do período colonial, só restaram os livros de termos de entrada de Irmãos. Parece que a Irmandade funcionou na matriz até o final do século XVIII, tendo a construção da capela própria se iniciado por volta de 1750/60, com recursos provenientes dos Irmãos. O sino da igreja foi fundido em 1786 com o relevo de uma águia com uma pena presa na pata sobre um livro, símbolo do apóstolo João e a inscrição "S Ioannes Evang. A. DNI MDCCLXXXVI" (São João Evangelista - Ano do Senhor 1786).

Na capela de São João Evangelista foi criada, em 1812, a Irmandade de São Francisco de Assis dos Pardos, que segundo parece, teve breve duração, e a confraria de Nossa Senhora das Dores, fundada por volta de 1816, que teria construído o altar colateral de Nossa Senhora das Dores e o oratório da sacristia, onde se guarda a imagem processional sob sua invocação.

D. Frei José da SSm.ª Trindade, em seu relatório de visita pastoral de 1824, faz uma pequena descrição da capela, deste documento, infere-se que o retábulo de Nossa Senhora das Dores foi refeito no primeiro quartel do século XIX e, que o de Nossa Senhora dos Remédios é posterior a 1824, uma vez que a descrição do referido retábulo por ele feita naquela ocasião, não corresponde ao atual que é semelhante ao de Nossa Senhora das Dores.

Não há mais registros documentais sobre a igreja, a não ser referências de pequenas compras de objetos no início do século XX e pedidos de esmolas para reformas na igreja, em 1923. Parece que nesta época a Irmandade promoveu reformas no telhado, paredes e pintura. O assoalho da capela-mor deve ter sido reformado no mesmo período, com o desmonte das campas e colocação de tábuas estreitas formando losango em duas cores.

Em 1961/62, a igreja passou por ampla restauração efetuada pelo IPHAN, para a instalação da capela do Seminário Diocesano São Tiago que funcionou na casa Padre Toledo, ao lado. Nesta época, as laterais foram transformadas em salas de aula, com substituição dos forros e assoalhos e a adaptação do antigo depósito de materiais de construção, ao fundo, para auditório, ocupado pelo Instituto Histórico e Geográfico desde 1979. Data deste período a dispersão do acervo da igreja. As velhas palmas e ornamentos tradicionais foram substituídos por objetos decorativos modernos, assim como móveis, alfaias e paramentos.

Em 2004, foi feita obra de conservação dos telhados com o apoio do Fundo Nacional de Cultura e do IPHAN.

Em 2016, com apoio financeiro do BNDES, tendo como contratante o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, realizou-se a restauração arquitetônico, a restauração de telhados quando foram trocados madeiras e beirais, os forros, os assoalhos de todos os cômodos laterais e coro foram substituídos, assim como o da capela-mor que voltou com paginação de campas. O assoalho da nave foi meticulosamente restaurado, mantendo-se a madeira original. Todas as esquadrias de portas e janelas foram restauradas e/ou substituídas quando não aproveitáveis. A porta da frente teve as ombreiras substituídas

Capela de São João Evangelista em Tiradentes

Arquitetura

Seguida da Matriz, a igreja de São João Evangelista é a maior igreja da cidade de Tiradentes. É toda construída em taipa de pilão, com grossas paredes, embasadas em socos de cantaria, com todos os vãos de verga curva, a exceção das quatro janelas abertas nos fundos da igreja, em 1962. Os beirais superiores da nave e capela-mor são de cachorros em grande balanço e os inferiores (laterais) e da frontaria são em beira-seveira. A planta obedece ao esquema comum em Minas, com nave retangular e capela-mor mais estreita, ladeadas por cômodos laterais e um grande salão por trás da capela-mor.

A fachada principal é bastante simples e larga como é uma característica local, marcada por quatro cunhais largos, porta de verga curva encimada por duas janelas à altura do coro e óculo na empena, que é triangular, sem decoração, com arremates em beira-seveira. Dois corpos laterais completam a fachada. A ausência de torres faz com que a sineira seja alojada em uma das janelas laterais e o telhado se prolongue, enfatizando a horizontalidade do partido arquitetônico.

A decoração interior conta com o retábulo do altar-mor, bastante alto, pintado de branco, com talha característica de pelo menos três épocas distintas, parecendo ter sido montado com talha de um retábulo mais antigo. Atrás tem inscrita a data de 1864. Os dois altares colaterais apresentam talha rococó, sendo o de Nossa Senhora das Dores dourado e branco, datável do primeiro quartel do século XIX, podendo-se atribuir sua autoria ao entalhador Salvador de Oliveira. O retábulo fronteiro, de época posterior, assemelha-se ao de Nossa Senhora das Dores, embora de talha inferior. O arco-cruzeiro, de grandes proporções, é decorado com talha rococó de boa qualidade e é coberto por ampla sanefa policromada. O coro possui balaustrada torneada de gosto setecentista, assim como a mesa de comunhão em balaústres recortados típicos do século XIX. Na sacristia há um oratório de Nossa Senhora das Dores, cujo retábulo parece ter sido aproveitado de um Passo da Paixão, visto que é igual aos retábulos dos três Passos mais antigos. As duas portas transversais da nave são entalhadas ao gosto rococó.

A pintura da igreja, provavelmente do mesmo autor, é de gosto popular em cores fortes. É constituída por medalhão, no forro da capela-mor, duas telas nas ilhargas, quatro painéis na nave, além das cimalhas marmorizadas. O conjunto de imaginária é certamente de um mesmo santeiro, devendo datar de fins do século XVIII ou início do XIX. É constituído por excelente escultura, com policromia ao gosto rococó.

Cabe registrar o desaparecimento das imagens de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora dos Remédios, três castiçais e uma cruz, ocorrido em dezembro de 1994, ainda não recuperados.


A capela de São João Evangelista é tombada pelo IPHAN
Registrada no livro de Belas Artes
Inscrição: 478 Data: 27 de janeiro de 1964.

Imagens da capela ao lado do Museu Padre Toledo

As Imagens da Capela de São João Evangelista

Destaques na decoração são as imagens que compõem a cena do calvário que têm mais de 2 metros de altura: Crucifixo, Nossa Senhora e São João Evangelista; as imagens de Santa Cecília e Santa Catarina de Alexandria, nos nichos laterais; Nossa Senhora das Dores, do altar colateral do lado do Evangelho, e Nossa Senhora dos Remédios, no altar do lado da Epístola. Todas as imagens têm as mesmas características estilísticas e podem ser atribuídas a um único escultor.

As figuras têm o corpo cheio, com cintura alta, braços roliços, mãos com dedos longos, embora bastante adiposos, e com articulações bem marcadas. Os rostos são ovais, com fronte larga, nariz triangular com narinas recortadas, olhos pequenos e amendoados, sobrancelhas em linha pouco arqueadas, boca minúscula com lábios finos e queixos em montículos bem pronunciados; os pescoços sempre curtos e torneados. As cabeleiras são vastas, com mechas de estrias grossas, caindo lateralmente e, por vezes, fazendo um topete sobre a fronte, como é o caso de São João Evangelista. Os pés são sempre colocados em ângulos bem abertos, distanciados.

O planejamento bastante exuberante contrasta com a ingenuidade das feições. Todas as vestes caem em pregas verticais na frente, formando um ângulo nas costas, com uma ponta sempre à altura dos joelhos, em dobra curta, numa tentativa de dinamizar a peça. As imagens têm certo ar de delicadeza rococó, nada pesadas e sem a dramaticidade barroca. As três santas menores, Cecília, Catarina e Nossa Senhora das Dores têm rica policromia a têmpera sobre o douramento total, com tratamento de esgrafito, punções nas barras e arremate em renda de linha enrijecida com cola e dourada. Sobre os fundos pontilhados, estriados, ou em ziguezague, aparecem ramos de flores verdes, vermelhas e azuis, soltas aleatoriamente. As carnações são de um rosa muito carregado. Outro detalhe do planejamento existente nas peças é uma faixa de tecido retorcido, à maneira de cinto, com um laço na frente, descentralizado. Os marmorizados das peanhas, em tons vermelhos e amarelos, são um tanto curiosos e de gosto popular. As duas imagens do calvário, que são o evangelista João e a Virgem, têm os planejamentos em cortes mais largos, os cabelos em mechas mais altas, devido à proporção exagerada das peças. A policromia nesse caso é um tanto pobre, em tons chapados, com reservas de ouro para os detalhes em losango, estrelas e flores. Os dois crucifixos têm as mesmas características das imagens vestidas, mas com musculatura pouco detalhada, pernas e troncos torneados e cheios, carnação muito rosada com poucas chagas e pouco sangue. As duas imagens de roca, Nossa Senhora das Dores, processional, e Nossa Senhora dos Remédios, têm a mesma expressão facial das demais peças, e os cabelos curtos e simplificados, para serem cobertos com cabeleira natural. Nossa Senhora das Dores tem estrutura de seis ripas revestidas e tecido grosso, com pés esculpidos e calçados de sandálias, assim como eram os de Nossa Senhora dos Remédios, embora esta última tivesse pernas semi-esculpidas e uma madeira ligando o busto à peanha.

Esse conjunto de imagens tem certa semelhança com o conjunto de imagens dos Sete Passos da Paixão existente na Igreja Matriz de Santo Antônio, datado de 1793 e de autoria de certo Antônio da Costa Santeiro que também é autor dos anjos trombeteiros do órgão da Matriz ,datados de 1788. Sobre as peças da Igreja de São João Evangelista, até o momento não foi localizada nenhuma documentação que possa elucidar a autoria e datas exatas.

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