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Antiga Cadeia pública de Tiradentes
A Cadeia Pública foi construída numa situação atípica para
a época, ou seja, separada da Casa da Câmara. No atual prédio da Cadeia de
Tiradentes, que apresenta apenas quatro celas comuns dispostas simetricamente
de duas em duas, não se pode identificar o lugar daquelas diferentes funções
que costumavam existir nestes prédios.
O prédio da Cadeia foi construído por volta de 1730, sendo que em 1829 foi atingido por um incêndio, tendo sido restaurado em 1835, conservando estrutura, portais e grades originais. No entanto, suas fachadas foram reconstruídas segundo os padrões neoclássicos que predominavam nos prédios públicos do século XIX, introduzidos pela missão Francesa que chegara à corte em 1816 e consolidados pela Imperial Academia de Belas Artes.
Como registraram matérias na imprensa das décadas de 1940 e 1950, a Cadeia de Tiradentes ficaria apenas para mulheres. Essa informação confirma a existente em publicação do SPHAN / Pró-Memória, onde vemos que durante certa época a Cadeia encerrava apenas mulheres, escoltadas até o chafariz para lavarem roupa.
Praticamente desativada a partir de 1984, com o envio de presos para o distrito da Vila de Santa Cruz e São João del-Rei, a Cadeia esvaziou-se de suas funções, e nesse mesmo ano, em 27 de setembro, o governo do Estado de Minas Gerais doou o imóvel à Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade.
As belas paredes internas de pedra lavrada e duas fortes fileiras de grades nas janelas adequavam-na como espaço de museu, com boa luz e boa ventilação. Uma vez restaurado o prédio, a Fundação decide instalar ali o Museu de Arte Sacra Presidente Tancredo Neves. O Museu teve suas portas abertas de 1986 a 2005 com peças doadas por particulares.
Mais recentemente, o prédio foi cedido para o Instituto Cultural Flávio Gutierrez, para ali ser instalado o Museu de Sant’Ana, inaugurado em 2014
Arquitetura do prédio
A edificação situa-se na esquina das ruas Direita e da Cadeia, em frente ao largo do Rosário, o que propicia a ampliação das visadas do prédio e cria um lugar público que convida à permanência. Constitui um exemplar excepcional, por ter sido concebida e edificada separada da Casa da Câmara, rompendo com o padrão usual à época do regime colonial.
A implantação da edificação obedece ao alinhamento do lote nas duas ruas e afasta-se da lateral que faz divisa com o vizinho, e da divisa de fundos, onde se desenvolve um largo trecho de terreno em declive. O desnível entre o pavimento térreo e a rua é vencido por quatro degraus executados em blocos de pedra. Construída sobre embasamento de pedra, apresenta um partido quadrado quase perfeito, o que contribui para reforçar o aspecto compacto e robusto do edifício.
O volume é marcado pelos cunhais das quinas, executados em massa sobre socos de pedra com acabamento em ressaltos escalonados, e pelo forte ritmo de distribuição das aberturas das janelas. Estas apresentam enquadramento em pedra e verga abatida, fechadas por grades de ferro. Nos cunhais, mãos francesas trabalhadas em ferro batido serviriam de apoio aos lampiões. Sob as janelas, mantendo sempre uma altura constante, uma diminuta abertura no nível do porão, inserida no pano de alvenaria de pedra, deveria servir à função de ventilação.
A cobertura é resolvida em quatro águas, e os beirais são arrematados em caprichoso e marcante trabalho de cimalha, mais ao gosto neoclássico do século XIX, época em que o prédio foi reformado após o incêndio que sofreu em 1829. Os panos do telhado acusam a presença do galbo, recurso largamente utilizado naquele período para a proteção da base das paredes contra as águas da chuva.
A divisão interna reflete a organização gerada pelo partido rígido, simétrico. Quatro grandes salas dispõem-se, duas a duas, articuladas pelo eixo do corredor central que, de um lado abre-se como acesso à edificação, através de uma porta almofadada, e do outro apresenta uma abertura de janela com vista para o exterior. Em cada sala, duas aberturas de janelas e uma larga e pesada porta dupla – uma em madeira maciça, outra vazada em gradeado de ferro -, ligando-a ao corredor, compõem o ambiente que servia de cela. Nas duas salas posteriores, verifica-se a existência de acessos para o subsolo, dividido em dois espaços correspondentes à localização das paredes de pedra que sustentam o edifício.
As formas de encarceramento por categorias de classe econômica, sexo e cor, foram estudadas magistralmente por Paulo Thedim Barreto. Além do aljube, da sala livre, da sala fechada ou forte, Barreto enumera ainda a moxinga – repartimento com um alçapão cujo acesso só se dava por escada de mão. Incomunicável era também o “segredo”, havendo ainda uma prisão denominada oratório, com um altar, onde passavam os últimos dias os condenados à morte.
O Museu de Sant’Ana
O Museu foi inaugurado no dia 19 de setembro de 2014 e está instalado na antiga Cadeia Pública da cidade de Tiradentes. Abriga 291 imagens de Sant’Ana, a santa protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores. São obras brasileiras, de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas em sua maioria por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX, em materiais diversos.
Reunidas por Ângela Gutierrez ao longo de quatro décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país, agora compartilhado com todos. Doada ao Patrimônio Público e sob a gestão do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, a coleção impressiona pela beleza, originalidade e relevância.
Concebido de forma exemplar, a partir de critérios museológicos e museográficos que dialogam com a própria história do prédio, o Museu de Sant’Ana constitui-se em espaço cultural de contemplação.
Encontro de arte, história e fé. Assim é o Museu de Sant’Ana, guardião de um acervo extraordinário de imagens que expressam o sentimento artístico e religioso do povo brasileiro. Visitá-lo é se deixar levar ao encontro das raízes das crenças populares e da formação cultural do Brasil.
O culto a Santa Ana
Santa Ana (ou Sant’Ana) é mãe de Maria de Nazaré e avó de Jesus. Sant’Ana, que era tida como estéril, já era uma senhora mais velha quando engravidou de Maria. O primeiro milagre na vida da Santa, que anos depois seria a avó de Jesus. Sant’Ana é considerada a Santa da Fertilidade e também a Santa dos mineiros e moedeiros, uma tradição que veio de Portugal para o Brasil.
Nas imagens Santa Ana é representada como mulher madura, muitas vezes com cabelos brancos. Dependendo da época da estátua, Santa Ana aparece coroada e sentada em um trono. O livro mostra que Santa Ana, desde cedo transmitia os ensinamentos sagrados a sua filha Maria.
Museu de Sant’Ana
Rua Direita, 93 (Entrada pela Rua da Cadeia) – Tiradentes-MG
Horário de funcionamento: quarta a segunda-feira, de 10h às 19h
Preços: R$ 5,00 – inteira | meia entrada – R$2,50 | Entrada gratuita para estudantes e professores
R. Joaquim Eliziário Dias, 320 - Parque das Abelhas, Tiradentes - MG, 36325-000, Brasil
Email: villaalferes@villaalferes.com.br Reservas: (32) 3355 1752 - Whatsapp: (32) 98887 4406