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O órgão é um instrumento musical no qual o som é produzido pela passagem do ar comprimido através dos tubos de metal e madeira. De fato, este é considerado um dos instrumentos mais antigos de toda a música ocidental e o primeiro dos instrumentos de teclas. Os órgãos são conhecidos por sua utilização em grandes igrejas e sua tradição na liturgia cristã, pois eram os únicos instrumentos permitidos durante as celebrações religiosas. Tal realidade durou vários séculos, aspecto que levou o órgão a ter uma grande relevância e um papel de notória importância para as sociedades da época. Somente no ano de 1962, com o Concílio Vaticano II, é que outros instrumentos foram admitidos nas liturgias da Igreja Católica, aspecto que resultou no constante declínio do usodo instrumento.
O órgão de tubo de Tiradentes foi comprado pela Irmandade do Santíssimo Sacramento por 202 mil réisem 1779 na cidade de Porto, Portugal, sob o reinado de D. Maria I e transportado no ano de 1788 para o Brasil. É um instrumento de origem alemã – provavelmente construído na Francônia – pois a registração que ele oferece é característica dos órgãos fabricados no Sul da Alemanha, no século XVIII. Ele chegou através de navio no Rio de Janeiro e foi trazido através das montanhas de Minas em 11 caixotes no lombo de mulas. A Vila de São José do Rio das Mortes, hoje conhecida com Tiradentes, vivia a efervescência musical do período barroco e o órgão acompanharia a liturgia e as celebrações familiares.
O instrumento dispõe de um manual com 4 oitavas e 15 registros, sendo 8 para a região aguda e 7 para a grave, não possuindo pedal. A caixa foi projetada por Salvador de Oliveira e esculpida por Antonio Rodrigues Penteado e Antonio da Costa Santeiro. Em 1798 Manuel Victor de Jesus confeccionou uma armação suntuosa para a caixa. Nela está escrito um trecho bíblico em Latim: "Louvai a Deus com tímpanos e coros, louvai a Deus com cordas e órgão". Finalmente, no mesmo ano, Francisco de Paula Oliveira Dias (filho de Manoel Dias de Oliveira), foi o primeiro organista a tocar o órgão da Matriz.
Em 1977, atendendo à sugestão de eminentes personalidades brasileiras, a Kraftwerk Union AG, que participa do Programa Nuclear Brasileiro, enviou a Tiradentes um construtor de órgãos da Francônia, Manfred Thonius, que restaurou o órgão bicentenário, colocando-o novamente em perfeitas condições de funcionamento. A reinauguração deu-se a 22 de abril de 1978, com um concerto, quando foram executadas obras de Bach, Haendel e Pachelbel, por Manfred Thonius, demonstrando a excelente qualidade sonora do instrumento.
Dando continuidade ao projeto do órgão de Tiradentes, a Kraftwerk Union AG concedeu em 1980, uma bolsa de estudos na Alemanha ao jovem músico André Luis Pires, hoje radicado em Tiradentes. Durante o estágio na Alemanha, André Luis Pires estudou órgão com Walter Greb, organista da Igreja de São Bonifácio em Erlangen, e aprendeu com Manfred Thonius, em Nuremberg, a manutenção básica do instrumento. Em Tiradentes, André Luis Pires iniciou em 1981 suas apresentações como organista. Fica conhecendo a obra do excelente compositor mineiro e tiradentino, do século XVIII, Manoel Dias de Oliveira, e propõe-se a calcar o esforço maior do seu trabalho na divulgação de sua obra. Completando a idéia original do projeto, que partindo da restauração do órgão se propunha a reativar e enriquecer uma tradição musical bicentenária da região, foi criado um conjunto coral, pois a música do “Barroco Mineiro” envolve sempre, e, necessariamente, “vozes”. Em fins de 1981 o coral foi formado, sob a regência de André Luis Pires, por habitantes de Tiradentes. Na Semana Santa de 1982 dá-se a primeira apresentação pública, participando das cerimônias litúrgicas. Em fevereiro de 1982, é criada a Sociedade Manoel Dias de Oliveira, que passa a ser, desde então, a entidade mantenedora do projeto.
Devido a seu precário estado de conservação, o órgão esteve inativo por vinte anos. Para que pudesse ser ouvido novamente, o SANTA ROSA BUREAU CULTURAL, sob a direção de Eleonora Santa Rosa, elaborou minucioso projeto técnico de mecenato, trabalhou na captação de recursos e coordenou todo o processo que viabilizou o seu restauro integral. Estabelecendo novo marco no processo de gestão de projetos de restauro, as peças do instrumento foram transportadas para Barcelona, onde se localiza a oficina de Gerhard Grenzing, maior especialista em órgãos ibéricos do mundo. Nela, todas as partes do maquinário e os mais de seiscentos tubos foram recuperados, obedecendo a técnicas utilizadas há duzentos anos.
Depois de ser devolvido à cidade, em 2009, foram realizadas ações de educação e valorização patrimonial, como concertos didáticos e a produção de um DVD sobre o processo de restauro. Restaurado agora de modo pleno, o órgão da Matriz de Santo Antônio emite hoje o mesmo som, dos 680 tubos, que se ouvia no século XVIII e foram resgatados os aspectos estéticos e funcionais originais.
Atualmente, às sextas-feiras, são realizados concertos, executados pela organista oficial Elisa Freixo e convidados.
Os concertos na Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes/MG podem ser acompanhados mediante compra de ingressos (no local). Informações pelo telefone (32) 98812-8512. Ingressos a partir de R$ 35,00.
R. Joaquim Eliziário Dias, 320 - Parque das Abelhas, Tiradentes - MG, 36325-000, Brasil
Email: villaalferes@villaalferes.com.br Reservas: (32) 3355 1752 - Whatsapp: (32) 98887 4406